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terça-feira, 8 de dezembro de 2020
Versos improvisados
Airam Ribeiro
Lendo com todo o cuidado
Os pedidos preu escrever
Este já ficou separado
Pois tratava de um padicê
Lá de um passado distante
E estava naquele instante
Pedindo pra em versos fazer.
Recebi um dia um amigo
Desses que não tem alegria
Pediu-me então um abrigo
Dentro da minha sabedoria
Nun lhe fiz vista grossa
Pedi que entrasse na palhoça.
Veja o que o amigo dizia
- Poeta faça para mim
Uns versos improvisado
Conta tin tin por tin tin
As coisas do meu passado
Quando a gente envelhece
Muita coisa não esquece
Fica na mente guardado.
E contando a sua história
Pedindo para eu rimar
Vasculhando sua memória
Começou então a me contá
Lembrou do seu passado
De quem estava ao seu lado
Só não quis citar o lugar!
Pedindo de novo, por favor,
Pra eu usar minha inspiração
Eu fiquei ao seu dispor
E fui escutando com atenção
Enquanto ele me falava
Ví duas lágrimas que rolava
De seus olhos até o chão.
E disse daquela pretinha
De um drur’s lá no portão
Da vida boa que ele tinha
Trazendo-lhe recordação
De um beijo demorado
Que deixou lá no passado
Junto com sua ingratidão.
Diz poeta para mim
Escreve da felicidade
Diz tin tin por tin tin
Fala daquela maldade
Porque ela não merecia
Perder aquela alegria
Que ela tinha na mocidade.
Diz daquele abandono
Que estou a remoer
Como cachorro sem dono
Retirei-me sem perceber
Diz poeta, por favor,
Conta sobre a minha dor
E de todo o meu padecer.
O tempo não volta mais
Pra tudo isso concertar
Se o tempo voltasse atrás
Talvez pudesse encontrar
A música preta pretinha!
E também uma fotinha
Eu guardo preu recordar.
Tudo isso ele ia dizendo
E pedia para as rimas por
Com a caneta ia escrevendo
Para lhe fazer um favor
Quando as estrofes leu
Disse adeus e me agradeceu
Pegou a estrada e se mandou.
Muitos tantos tem por aí
Curtindo a sua saudade
Este amigo nunca mais vi
Andando nesta cidade
Dizem que virou andarilho
E que ta no mundo sem brilho
Procurando a felicidade.
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