quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Comxambramento no mato



















Sentença Judicial de 1833

O cabra Manoel Duda
Agarrou para coxanbrar
A mulher de Xico Bento
Que ia para a fonte se lavar
Fez muita xumbregâncias
Devido as circunstâncias
Qui estava ali no lugar.

O supracitado cabra
Sahiu da moita de supetão
Asfreganhou-se a coitada
Dando-lhe um esfregão
Que seu sangue vermelho
Ficou só amarelidão.

Elle abrafoulou-se della
Deitando ali no chão
Que as encomendas della ficou
A Deus dará na questão
O matrimonio não foi concreto
Porque o senhor Nocreto
Apareceu na ocasião.

As duas moças donzellas
Clarinha e Quitéria
Disse que o Xico Bento
Era muito cheio de pilhéria
Quis com ellas se chumbregar
Que quase dava em miséria.

A igreja cathólica
Condenou o acuzado
Por ser o Manoel Duda
Um sujeito deboxado
Que por ele as pessoas
Nunca foram respeitados.

Era um sujeito perigoso
E devido a perigança
Ele pode até amanhan
Com eças traficanças
Fezer mais malificio
Notras suas andanças.

Por isso eu condeno
Pelo malificio que fez
Ele ser logo capado
Os dois ovos de uma vez
Que é pra acabar logo
Dessa sua altivez.

Que essa sua capadura
Seja com um macete
Que o Sr. Chico Bento
Se arme de um porrete
Que perante a todos
Desça em Duda o cacete.

E assim o juiz de Direitos
Nestes termos decretado
Deixando o Xico Bento
Pela Lei sendo capado
Que devido o ocorrido
E perante o acontecido
O ato foi logo encerrado.

Província de Sergipe, 15 de outubro de 1833

Airam Ribeiro

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