segunda-feira, 29 de março de 2010

A lenda da mandioca











Esta raiz maravilhosa
Que dela é tudo gostoso,
Nos conta os índios parecís
Das bandas de Mato Grosso.

Zatiame uma índia
De nome Kôkôrêtô,
O seu filho Zôcôiê
E a filha Atiôlô.

O pai amava o índio
Que era sua maravilha,
Porém nunca dirigiu a palavra
Para a índia sua filha.

Ela muito desgostosa
Por não ter esse carinho,
Queria ser enterrada viva
E para a sua mãe pediu.

Desejava ser útil aos seus
Assim falava Atiôlô,
E o seu pedido foi fazer
A mãe índia Kôkôrêtô.

Cedendo aos rogos da filha
Foi enterrada no cerrado,
Porém ali não pôde resistir
Porque o calor era danado.

Rogou que a levasse para o campo
Onde poderia sentir bem,
Mas no campo não deu certo
E tornou implorar também.

Mais uma vez pediu
A sua mãe Kôkôrêtô,
Que a enterrasse na mata
Que assim fez com muito amor.

Lá se sentiu à vontade
Que pediu a mãe que retirasse,
E que não volvesse seus olhos
Enquanto ela não gritasse.

Depois de muito tempo
Enfim, a filha gritou,
Para lá saiu correndo
A sua mãe Kôkôrêtô.

E onde enterrou a filha
Veja o que aconteceu!
Surgiu uma plantinha
Que na cova nasceu.

Um arbusto foi crescendo
Que rasteiro foi ficando,
Kôkôrêtô assim que viu
A sepultura foi limpando.

Limpou logo o solo
Que a plantinha viçosa,
Sustentada por uma raiz
Grande e maravilhosa.

Deu-se o nome de mandioca
A raiz daquela plantinha,
A filha ajudou os seus
Dando-lhes tapioca e farinha.

Airam Ribeiro

quinta-feira, 11 de março de 2010

O mel
















Fui um dia colher mel
Num enxame de abelhas
Levei tanta ferroada
Que a pele ficou vermelha.

Apesar de tudo isso
Eu pude saborear
O mel gostoso das abelhas
Que um dia fui tirar.

Quanto doce é o mel
Eu pude observar
Então eu fiquei pensando
Dos que não tem paladar.

O mel é tão gostoso
Se puro ou no pão
Ele é muito apreciável
Na capital, no sertão.

Ele vem lá das flores
Colhida com muito carinho
Tome um pouco deste mel
Verás que é muito docinho.

Airam Ribeiro

América do Sul




















Por Airam Ribeiro

Trezes são os paises
Incluindo o Peru,
Que fazem parte do mapa
Da América do Sul.

O Brasil é o maior deles
No sul está o Uruguai,
Ao Leste tem dois paises
A Bolívia e o Paraguai.

Ao norte destaca-se
A Guiana e a Venezuela,
Suriname e Guiana Francesa
Com culturas belas.

O país da Colômbia
Tem sua capital Bogotá,
Equador e o Chile
São banhados pelo mar.

Argentina é o segundo
Em extensão neste continente,
Que com os tangos de Gardel
Alegraram muita gente.

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terça-feira, 9 de março de 2010

O amô




















Num aprendí na escola
O qui a vida me insinô,
Qui nóis devemo dar bola
A quem nos trata cum amô.

O amô pur excelênça
Todo ômi deve de tê,
Esta é a grande sabença
Que ele deve de aprendê.

Mais nem toda pessoa tem
O qui na escola num se aprende,
E eu vô muitio mais além
Amô? São poucos que entende.

Airam Ribeiro

segunda-feira, 8 de março de 2010

Uma viagem sem volta

No recreio da escola
Bem em frente ao portão
Deparei com um amigo
Que me fez uma saudação
Com toda delicadeza
Ofereceu-me com fineza
Balas que estavam na mão.

Tirei o papel de uma delas
E disse muito obrigado
Chupei com muito gosto
Saboreando o melado
Dia seguinte fui atrás
E ele me ofereceu mais
Com gestos bem educados.

Aquela bala durinha
No recheio escondia
Um paladar diferente
Que a gustação não sentia
Fui ficando viciado
Que já estava acostumado
E uma mais forte queria.

O amigo do portão
Só queria me viciar
Acabaram as balas grátis
Agora tinha que comprar!
Vendeu-me uma mais forte
Que é para dar suporte
Para as barras enfrentar.

Nos goles do guaraná
Que ele me oferecia
Havia a droga líquida
Que com o gosto confundia
Tudo no início eram flores
Depois vem os dissabores
Logo que agente vicia.

Meus amigos afastaram
Nem família tenho mais
E a minha felicidade
Foi ficando para trás
Hoje sou um dependente
Sinto-me muito doente
Nada mais me satisfaz.

Iniciei com as balas
Depois fui para a maconha
Roubo para manter as drogas
Já perdi até a vergonha
A cocaína não me sustenta
Agora quem me fomenta
É outra droga medonha.

Dizia que ia para a escola
E pra outro canto desviava
Foi uma ida sem volta
Da mente desgovernada
Pra completar o ataque
Eu fui à busca do craque
As outras não valiam nada.

Para manter o vício
Assaltei para roubar
Depois ia para as bocas
Para as drogas comprar
Nesses assaltos que fiz
Eu fui muito infeliz
E alguém tive de matar.

A minha viagem sem volta
Começou em um portão
Hoje fujo da polícia
Sou um péssimo cidadão
Sou um bandido sem fé
Sei que meu destino é
Viver dentro de uma prisão.

Airam Ribeiro

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Ancim diria o passarin!















Mas que tanta alegria!
Porque canta passarin
Preso nesta gaiola
Muito longe de seu nin!
Diz amigo cantadô
Ta cantano a sua dô
Aí triste sozin?

Se soubesse respondê
Na certa ancim diria,
Canto a dô da sodade
De quem eu deixei um dia
Na galha da miruêra
Com a minha companhêra
Bem feliz eu vivia.

Até que o ser humano
Todo xeio de mardade
Preparô uma armadilha
Mostrano a preversidade
Pra alegrá seu coração
Prendeu-me no alçapão
Com tamanha crueldade.

Sem espaço pra voá
Vivo o meu dia a dia
Cantano pra nun xorá
Não sentino alegria
Estô nesta gaiola
E nada aqui me consola
Ser livre eu quiria.

Este ser humano
Que se diz inteligente
Por falta do que fazê
É que prende o inocente
Que vive no habitá
Com espaço pra voá
Que Deus fez pro vivente.

Quando este ser humano
Um dia cai numa prisão
Arranja logo um adivogado
Pra lhe tirá da detenção.
Valoriza a liberdade
Só pra ele na verdade.
Para o passarin não!

Mas Deus que está no céu
Que vê essa judiação
Cobrará do Homem um dia
E ele pagará intão
Lembrará da crueldade
Que fez com perversidade
Pagano tostão por tostão.

A terra foi feita
Para toda a criação
Todas têm o direito
Na Lei da Reprodução
Fez o espaço e a liberdade
Ele não fez a maldade
De criar o alçapão.

Airam Ribeiro

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sábado, 6 de março de 2010

A rima é o meu tempero seu dotô!

















Me descurpa ocêis sabidu
Qui fais puesia sem rima,
Na minha pobre linguage
Esse istilo num cumbina
Na puisia rimada
A gente lê ritimada
E a melodia se afina.

Mas peço de antimão
Qui perdõe esse otáro
Qui nun gosta de puisia branca
Pobre é seu vocabuláro.
A rima fais parte de mim
É por isso que gosto ânsim
Di iscrevê sem dicionáro.

Nun tenho o Aurélo
Pras fôias ficá passano
Eu iscrevo quarqué coisa
Derna qui seja rimano.
Na puesia rimada
Fico de arma lavada
Pra alegrá o ser humano.

Você de rico vocabuláro
E de grande sabiduria
Bota um pôco de tempero
Pôe rima nas puisia
Ela sem rima meu sinhô
É como casá sem amô
Não trás nenhuma aligria.

Descurpe a minha franqueza
De falá ânsim procêis
É qui nunca fui dotô
Na matéra purtuguês
Se eu iscrevê sem rima
Isso me disanima
De iscrevê outra veis.

Sou fio de cabôco rocêro
Meu custume é ser pacato
Minha iscrita é naturá
A você num disacato
Se iscreve puisia sem rima
Vai siguino sua sina
Mas me deixa co as do mato.

Gosto do chêro da rérva
Ni minha roça tem fulô
Qui rima cum tanta coisa
Até mêmo cum amô
Gosto de cumida cum tempero
E muié cum água de chêro?
Tombém gosto sim sinhô.


Airam Ribeiro
27/07/03

Tem gente qui iscreve um texto e diz qui é puisia!

Só vivo pensando em você













Acróstico

Sô matuto num sei amá
Ocê falô iço pra mim
Va cimbóra num vorte cá
Isso iscuitei foi o meu fim.

Vancê uzô de ingratidão
Oiô pra mim inda surrinu,
Pareci inté qui seu coração
Ele num tava mermo finginu.

Na solidão qui eu fiquei
Sabi Deus cuma inda tô
Ah iço eu nunca imaginei
Na vida ancim tê tanta dô.

Deus inda sabi cumo dizigêi
Ocê pra mim ci paxoná
Eu tenhu amô mais amá num sei
Mais mió é eu min debandá.

Vô levano cumigo a ingratidão
Ouvino inda a sua vóiz
Cê é matuto num sabi amá
É mais mió pra um de nóis.

Airam Ribeiro

Da série: O Matuto paxonado

Saúde bucal















Enquanto isso o Paulinho
Um garoto formidável,
Estava fazendo a festa
Com seu dentinho saudável.

Sem medo de escovar
E para não ficar doente,
Ele sabe que com isso
Nunca vai ter dor dente.

E a turma da limpeza
Que fazia a alegria dele,
Foi falando um por um
O que era bom para ele:

Eu sou o fio dental
Que está sempre presente,
Quando me chama vou limpar
As sujeiras entre os dentes.

Aqueles fiapos de carne
Que a escova não pode tirar,
Eu me embrenho nas fendas
E só saio quando limpar.

Eu sou a escova dental
Que passo pra lá e pra cá,
Carregando o creme dental
Para a boquinha ir limpar.

De baixo para cima
E de cima para baixo,
De um lado para outro
Desse jeito eu me encaixo.

Eu sou o creme dental
Que mato as bactérias,
Estou falando a verdade
Olhe só não é pilhéria!

Pois na cacunda da escova
Eu sigo pra lá e pra cá,
Vou limpando direitinho
Até vê-los brilhar.

Escove também a língua
Para a limpeza completar,
Pois pode ser que seja nela
Que o mau hálito pode estar.

De boca aberta e alegre
Vou por aí sorridente,
Mostrando a todos o valor
Que tem em tratar dos dentes.

Airam Ribeiro


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A cárie















Joãozinho era bagunceiro
Não parava num lugar,
Chutava latas, brigava!
Chorava para não estudar.

Gostava de jogar bola
Na rua era traquino,
Tinha muita energia
Pra vender, esse menino.

Brigava com seus irmãos
Mexia aqui mexia ali
Era mesmo traquino
O Joãozinho de Ibicuí.

Um dia na reunião
Do conselho escolar,
O menino quebrou a porta
Querendo na sala entrar.

Joãozinho não deixava
A turma se concentrar,
Mas veja quem apareceu
Pra Joãozinho visitar!

Dona cárie a malvada
Pra quem não quer escovar,
Naquele dia o menino
Ficou sem querer falar.

Ficou meio acabrunhado
A ninguém dava conversa,
Não era aquele menino
Que tanto acabava a festa!

Ela visitou o Joãozinho
Porque ele não se cuidou
Ele não escovou os dentes!
Por isso sentiu a dor.

Airam Ribeiro

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Carta de Tiãozin pra papai Noé













Paul Mick tem presente
O Papai Noé li visitô
Mais Tiãozin nun ta contente
Pruquê presente nun ganhô.
Cuma puxa êçi Noé
I eu aqui nêçi cordé
Falanu dum tapeadô!

Fico inté a duvidá
Se este Noé mermu izizti!
Queru inté aquerditá
Qui o meu cordé inté incisti...
Mai aqui cum us meu butão
Eu alevantu éça questão
Du pruquê Tiãozin ta tristi!

As luizinhas colorida
Inté qui eu axu bunitu
Mai aquelas renas vuandu...
Sem asa é mêi isquizitu
No prezépi ta u minino
É Jesuis o pequenino
Qui todo dia eu vizitu.

Mai o Tiãozin ta acuado
Nun cantin intristicidu
Causa du presente qui nun ganhô
Dum Noé discunhicido
As rádia ficô a nunciá
Qui nas noiti di Natá
Ele ia ficá aparicidu.

E Tiãozin isperô tanto
Paul Mick brincando
Com seu presente bunito
E com sua bola quicandu
O bixin inté tristeceu
Qui inté u’a carta iscreveu
E nela ancim ia cintandu.

Papai Noé nun judia deu
Os pobri das vizinhança
Paçô o anu todu falandu
Qui o sinhô nas sua andança
Os presente ia aqui trazê
Xega o Natá e eu tava a crê!...
Era éça a minha esperança!

O sinhô foi na casa de Paul Mick
Fio de Daltué fazendêro
Foi inté na casa di Paulo Vito
Fio daquele banquêru
Pruquê nun foi no meu ranxin
Levá o meu presentin
Min arresponda içu digêru?

Eu preciso bem sabê
Pruquê o sinhô num mi vizitô
Si in todas as casa dus rico
Os presente eles ganhô
Min diz inton Papai Noé
Eu devo tê inda éça fé,
Ou nun devo mais querditá nu sinhô?

Min arresponda queru sabê...
É tantu anunçu nas tulevizão
A inxê meu zóio de vontadi
Ou será qui tudo aquilo é iluzão?
Pruquê tanta presentança
A min inxê de isperança!...
Min diz papai Noé, num tapia não!

Todu anu fico isperanu
Cum meu sapatin na jinela
Pruquê min garantiru
Qui u sinhô vinha na favela
Mai eu tenhu percebidu
Qui meu tempu foi perdidu
E qui a históra nun era aquela!

Qui agenti iscuita por aí
Qui todu mundu vévi a contá
Qui o sinhô visita us pobri
In todas as noiti di Natá!...
Veju u’a festa das cumelança
Ondi o pobri num tem isperança
Pruquê nunca vai ci igualá.

Cuntentu cum mia bola di mêia
Di panu véio qui axêi nu quintá
Cum ela brincu cum o Quinca
Nua aligria qui nun tem iguá
Nun querdito mai noçê Papai Noé
Ocê é coiza qui us grandi incré
Inventaru pru Natá!

Airam Ribeiro

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Mas cadê meu companheiro, cadê?















(Dedicado ao irmão Eloino)

“Mas cadê meu companheiro, cadê?
Que cantava aqui mais eu, cadê?
Na calçada no terreiro, cadê?
Cadê o companheiro meu, cadê?
Saiu pras lapas do mundo, cadê?
Lapa do mundão de Deus, cadê!”
(Elomar Figueira de Melo)

Agora eu fico a perguntar
Quem vai ser meu companheiro?
Quem vai cantar comigo
Quem vai ser meu conselheiro?

Hoje eu senti um vazio
E não achei você prá desabafar
As minhas angustias e tristezas
E muitas perguntas no ar
Que sem respostas passei o dia
Tentando conter a nostalgia
E meu consolo foi chorar.

Até senti um vento brando
No meu rosto a carinhar
Na mente veio à intuição
Será que veio me consolar?
Deu-me uma vontade danada
De querer cantar essa toada
E assim comecei a entoar.

E baixinho fui cantando
E com o coração palpitando
Cantei a música de Elomar
E quando eu estava cantando
Senti que também você
Estavas em lagrimas a conter
E na música me acompanhando.

“Mas cadê meu companheiro, cadê?
Que cantava aqui mais eu, cadê?
Na calçada no terreiro, cadê?
Cadê o companheiro meu! Cadê?
Saiu pras lapas do mundo, cadê?
Lapas do mundão de Deus, cadê?”

Quando esse vento brando
Aos meus ouvidos sussurrar
Saberei quem deu saudades
Das músicas de Elomar.
Aproveitarei esse momento
E entoarei com este vento
As músicas pra recordar.

Vou seguir a minha estrada
Com você no pensamento
Sentirei a sua presença
Quando sussurrar o vento
E quando eu quiser conversar
Numa estrela irei meditar
Pois lá estará eu sei no firmamento.

Airam Ribeiro 07/02/07

Várias vezes cantei músicas de Elomar com Eloino nas viagens que fazíamos juntos e a música que mais cantamos foi esta aí. Para mim ele foi um pai, um amigo e meu conselheiro, todas as lágrimas que eu derramar na saudade deste companheiro sei que ainda será pouca. Agradeço a Deus que me enviou para Itanhém para poder conhecer este grande homem e com ele conviver por 34 anos.

O doido Telate


















Telate não foi o cara
Mas por aqui ele passou
Mais ou menos seus trinta anos
Só que ninguém anotou
Ninguém da bola pros doidos
Mas Telate aqui morou!

Sempre calmo de nascença
Dele ninguém teve dó
Morava na rua da casa do motor
De Jamilton a Olavo Brechó
Um dia prenderam Telate
Que foi parar no xilindró.

Dia de feira de madrugada
Telate prepara pra fugir
Fez um buraco na parede
Fingindo que estava a dormir
E num sábado de madrugada
Foi que ele deu de escapulir.

Que ferramenta abriu o buraco?
Olha só as unhas da mão!
Doido? Doido eu já lhe digo
É quem guardava a detenção
Pois quem dava em Telate
Tinha cem anos de perdão.

Os outros presos também
Aproveitando a ocasião
Perna pra que te quero
Não vou ficar também não
A Telate agradecemos
Por ter saído da prisão.

É, mais com o Soldado Soares
Telate não combinava
É que o soldado Soares
Tinha uma conversa afinada
Para prender o Telate
Bastava uma conversa fiada.

Um dia Telate outra vez
Ficou preso no chiqueiro
Achavam que Telate era louco
E deixou ali o tempo inteiro
Tomando sol e chuva
E dormindo no lameiro.

Chiqueiro pra quem não conhece
Era certo tipo de quadrado
Igual uma grande fogueira
Com troncos de paus pesados
Bem amarrados nas pontas
Onde o louco era enjaulado.

E naquele quadrado feio
Igual fogueira de São João
Telate assim falava
Para o nosso amigo Begão
-Dá esse sapatim pra mim
A resposta eu não sei se foi não.

E olhou pro conga outra vez
-Dá esse sapatim pra mim?
-Telate não da em você
Olha só o tamaizim!
-Serve sim, pois o meu pé
É quiném pé de bebezim.

Esse foi o doido Telate
Na sua vidinha simplória
Mas que foi um ser humano
Que também teve memória
É por isso que existem poetas
Pra lhes contar essas histórias.

Por Airam Ribeiro
12/03/07

Ganham eles em Itanhém/ E o povo só se lascando




























Vem mais uma eleição
Bois das mangas vão sair
Os pobres agora vão sorrir
Vai começar a pedição
É telha, é bola é calção!
É jogo de camisa dando
Mais times vai inventando
Eles não negam a ninguém;
Ganham eles em Itanhem
E o povo só se lascando.

Deus para nós deixou
Uma política Divina
Que agora virou bovina
Desrespeitando o Criador
Vão criando o boi, que horror!
Só para ficarem mandando
Eles vivem só pensando
Que aqui não existe ninguém,
Ganham eles em Itanhem
E o povo só se lascando.

De quatro em quatro anos
O boi na manga é criado
Para gastar um bocado
Se não for meu engano
Vai chegando os fulano
Suas mãos vão levantando
Para os que vão passando
Eleitor agora é alguém,
Ganham eles em Itanhem
E o povo só se lascando.

A música que vão tocar
Só quem dança são os porretas
E só gente de etiquetas
Pode esta música dançar
Só de longe pode escutar
O pobre só vai dançando
Conforme sai tocando;
Como sua música não vem,
Ganham eles em Itanhem
E o povo só se lascando.

Todos estes que estão aí
Nunca gostaram de ninguém
E o povo daqui também
Ficou preso só nisso daí
Sem ter para onde ir
Em qualquer um vai votando
Em fulano ou sicrano
Por não ter mais alguém,
Ganham eles em Itanhem
E o povo só se lascando.

Nossa cidade tem cultura
Para expor não há espaço
Bota tanto embaraço
Até persegue a criatura
Que vê com alma pura
As mentiras do fulano.
Com promessas todo ano
Agente não mostra o que tem,
Ganham eles em Itanhem
E o povo só se lascando.

São tantos impostos a pagar
E ainda procuram mais
Aprendeu com Caifás
O imposto inventar
A luz da rua vamos arcar
O vereador foi assinando
Sem o povo ir perguntando
Pois este é um Zé Ninguém,
Ganham eles em Itanhem
E o povo só se lascando.

Também na zona rural
Esta taxa foi chegar
O lavrador vai arcar
Com a cobrança anormal
Não há luz no seu quintal
Para a galinha ir botando
Mas eles foram votando
E reclamar não sei a quem!
Ganham eles em Itanhem
E o povo só se lascando.

Airam Ribeiro - Itanhém Bahia maio 2004

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A velha máquina de escrever

















Nunca mais ali vortei
Para a máquina eu oliá
Argumas tecla quando ôiei
Tava quereno se desmanxá
Da máquina tinha min isquicido
Ela qui tanto tinha min servido
Tava impoeirada nun lugá.

Que tristeza intão qui min deu
Oiano a minha prevercidade
Ela qui tanto ajudou eu
Tava isquicida de verdade
Agora qui temo o computadô
Ninguém mais óia a sua dô
Adiscurpe a minha mardade!

Se a máquina de escrever
Tivéci o podê de falá
Ancim diria para eu vê
Purque nun vêi mais min oliá
Sua tequinologia do momento
Te cauzô isquicimento?
Pruquê nun vêi mais min limpá?

Agora já num min qué mais
Despois qui o teclado xegô
Ajudei teus ancestrais
Aqueles versos a compô
Minha tinta vermelha e preta
Hoje já num é mais porreta
Despois do teu cumputadô?

Dexa meus ferro se corroê
Dexa o ferrugi min matá
Tudo se finda no pruquê
Quando o ferro véi min amassá
Muitas coisa já escrevi
Quando quis eu te servi
De min vai sempre alembrá.

Airam Ribeiro

Respondendo a Laurenice Bispo


















Amiga Laurenice
Ricibí cum muitio prazê
Li e reli teu cordel
Agora tô a respondê
Sei que és u’a novel
Eu não sô menestrel
Vô cordelá cum vancê.

Gardeço seus elogio
Mais eu nun mereço tanto
Apenas iscrevo um tiquin
O qui já ta bom pur inquanto
O qui digo a vancê
É qui gosto de escrevê
Pra vida num virá pranto.

O cordé num e defici
De a gente ele iscrevê
Basta aprendê suas regra
E boa vontade a gente tê
E eu te digo qui tomém
É sete silaba que o verso tem
É só o qui temo qui sabê.

Ocê fala em natureza
E qui pur ela tem afeição
Cuma de fato ocê ta certa
Vô dereto a esta questão
Nosso praneta ta morreno
E os povo rico nun ta veno
Só fazeno as destruição.

Mais digo inda da tempo
Dos povo das grande nação
Revê os seus projeto
Dos gáis, das poluição
Isso tem que acabá
Pois tão sujano todo o ar
Cum os gáiz qui sobe do xão.

E os lixo! Ai meu Deus os lixo!
Esses daí já tão dimais
E a cada dia nóis e os povo
Tão aumentano ele mais
Os lixo nun ta acabano
Ancim nos ta contano
As nutiças dos jornais.

Ocê dizeu a palavra certa
Ta fartano mermo é amô
Nos coração das pessoa
Qui são uns destruídô
Mais isso vem de nascença
Dento de cada conciença
E os qui os pais no lar incinô.

Nun só dento das escola
Mais tomém dento do lar
É lá qui o meio ambiente
Deve de tudo se falá
Só cum essa inducação
É qui se formará o cidadão
Qui vai pudê a terra salvá.

Vortano ao seu cordel
Qui min mandô vosmicê
Eu digo qui ele ta bom
Mais vai miorá pode crê
Aprendiz todos nóis são
Nun izéste nium sabidão
Esta é a lei do sabê.

Gostei do seu cordel
Mais ocê num pode é pará
Aprende-se na repetição
Inté prática ocê ficá
Pur isso digo a vancê
Qui este, pode respondê
Pra purfia cuntinuá.

Num dexa qui a priguiça
Venha querê te dominá
Cuma fez cum Laurentino
Qui nun quis cuntinuá
No mais vô lis dizê
Qui gostei de recebê
Seu cordé pra cumeçá.

Airam Ribeiro

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quinta-feira, 4 de março de 2010

A todas as mulheres (parabéns mulheres)


















Nasceu perto da nascente
Uma linda flor de lírio
Olhei de perto aquilo
A beleza posta na mente
Foi como que de repente
Uma voz suave eu escutei
Esse lírio que Eu lhe dei
Pode levar se quiseres
Ofereça todas as mulheres
Que neste dia Eu decretei.

Ofereça todas as Marias
Ritas, Martas, Jocélias
Valdas, Lourdes, Amélias
Têres, Millas, Luzias,
Anas, Hull, Roses, Abadias,
Isis, Annes, Kelys, Zélias,
Katias, Betes, Orfélias,
Valdenices, Rosas, Neuzas
Zitas, Núbias, Terezas,
Lenas, Ledas, Adélias.

Carlas, Angelas, Vivís
Telmas, Dóras, Rafaelas
Helenas, Gabrielas
Rosas, Janes, Valdecís
Roses, Juciaras, Cecís
Maras, Mauras, Luciete
Zetes, Didís, Goretes
Raquéis, Belas, Ticianas,
Sonias, Sebastianas,
Marizélias, Gloriete.

Ofereça as Hortências
Zezés, Lívias, Laurianas
E as edicéteras bacanas
Deixo aqui as reticências
Pois estou na Onipotência
A zelar pela a mulher
Colocando nela a fé
Para ser mãe dei a função
Para continuar a criação
Deixo-a meiga como ela é.

Airam Ribeiro

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Homenagem para Inezita Barroso






Por Airam Ribeiro






Desde o tempo de rapaz
Quando morava no sertão
Fiquei fã desta cantora
Que amo de coração;
Quando o rádio ligava
Inezita eu escutava
Cantando com emoção.

Aquela voz magnífica
Que dentro do rádio saia
Cantando lampião de gás
Uma linda melodia
Que marcou a juventude
Daquele rapaz rude
Do interior da Bahia.

E o tempo foi passando
Trazendo logo o progresso
Inezita não parou
Fazendo grande sucesso.
Eu saí do meu sertão
E esta recordação
Eu escrevo nestes versos.

No lugar onde eu moro
Só tinha um canal de TV.
É com as graças de Deus
Que eu conto pra você
Que uns trocados guardei
E uma parabólica comprei
Para seu programa ver.

A nossa guardiã
Do Folclore brasileiro
Faço aqui esta homenagem
Neste cordel bem faceiro,
Esperando que ela receba
Peço a Deus que conceda
A vontade de Airam Ribeiro.

Que este cordel que faço
Chegue até as suas mãos
Levando um grande abraço
Deste seu fã e irmão
Peço que continue a zelar
Da cultura de cada lugar
Que tem nesta grande nação.

Tenho mais de cem programas
Em muitas fitas gravados.
Faz parte do grande tesouro
Que tenho em casa, guardado.
Se um dia Deus lhe chamar
Eu os tenho para recordar
Do bom tempo passado.

Tempos sem violência
E dos que não voltam mais
Tempos da bela seresta
E dos folclores regionais
“Lampião de gás
Lampião de gás
Quanta saudade você me trás!”

Com esta oportunidade
Quero lhe parabenizar
Pelos vinte e sete anos
De Viola Minha Viola no ar.
Que fiquem outros tantos
Trazendo-nos estes encantos
Para os domingos alegrar.

Que continue a trazer
Caipiras e catireiros
E as folias de reis
Cantada no mês de janeiro.
És respeitada neste país
Por zelar da música raiz
E do folclore brasileiro.

Moro no interior da Bahia
Itanhém é uma bela cidade
Com esposa e quatro filhos
Cheio de amor e bondade.
Não jogo verso ao léu
Aprendi fazer cordel
Para minha felicidade.

Gosto das coisas que faço
Escrevo o meu interior
Gosto do cientista nato
Que lá no mato formou
Pesquisando da terra a raiz
Ele lá é quem diz
O que não sabe o doutor.

Quando soube que ia fazer
Um grande show em Brasília
A mente funcionou
Pra fazer esta setilha;
Estando aqui de passagem
Faço esta homenagem
Pra uma artista que brilha.

Que Deus continue
A sua vida iluminar
Para que sua alegria
Chegue até o lado de cá;
Peço ao Nosso Senhor
Que este programa de valor
Nunca saia do ar.

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quarta-feira, 3 de março de 2010

Eu quis preguntá pra Deus as coisas qui eu nun intendia
























Eu quis priguntá Deus
Pruquê tava nua indicizão
Eu quiria ir inté Eli
Pra fazê a indagação
Di todus us meus pruquê
Eu tava querenu sabê
Pois eu nun intendia não!

Pur izempu o Mozarti
U fi da finada Miúra
Cum trêis anu fazia musga
Fazia inté partitura
Era musga diviná
Mutio boa pra iscuitiá
Era memu u’a furmuzura.

Incontu u fi de Delé
Qui era doidu pra cantá
Sua voiz era disafinada
Ninguém quiria iscuitá
Pruquê tava deferenti
Ocê criô todas eça genti
Tudus fora dus lugá!

U ômi de nomi Pelé
Qui foi o bom na bola
Já nasceu fazenu aquilu
Cem nunca aprendê na iscola
I reparei o fi di Dengosu
Na vida foi tuberculozu
I num batia bem da caxóla.

Notei qui um istudanti
Cum sete anu di idadi
Já tava senu um dotô
Fazenu ôtra facurdadi
Já o fi di dona Juvença
Era burro desdi naçença
Eu pensei! Qui cruerdadi!

Us fio di Zé Martelu
Naceru todus perfeitin
Incontu nacêru alejadu
Us fi di Tião seu vizin
Eu fiquei oianu aquilu
Cun a cabeça xêi di grilu
I pençei! Pruquê é ancim?

Isturdia observanu
Us fi di dona Gabriela
Tava tudu mutio gordim
Impanturranu na panela
Incontu paçava fômi
Us três fio de Zé Ômi
Cun sua mãe dona Bela.

I fui notanu tanta coiza
Uns rico otros pobri dimais
Uns sem caza pra morá
Otrus cum prédios nas capitais
Cada coiza qui eu lembrava
Para Deuzu eu priguntava
Pruquê das coizas diziguais?

Pruquê us fio de Antoin
Naceru tudu alejadu
Cum trinta anus na cama
Sem caminhá o coitiadu
Içu eu quiria sabê
Eu prigunto a Vosmicê
Pruquê ta tudu riviradu!

Eu gritei mutio artu
Adondi u Sinhô ta?
Pricizu falá cun u Sinhô
Vem aqui mi ispricá
Das coiza qui nun intendu não!
Vem mi da ispricação
Eu pricizu li incrontá!

Inton saiu u’a voz lá di riba
Ondi ta a Onipotênça
Mi rispondeu bem amorozu
Cem niuma cunviniênça
-Ó meu caboclo roceiro
Estou aí o tempo inteiro
Dentro da tua consciência.

Tu é que da as ordens
O que tu queres Eu obedeço
Cumpro as ordens dos meus filhos
Pois eles têm o meu apreço
Não vai haver interferência
Eu sô a tua consciência
Faço tudo sem ter preço.

Eu sou justo, sou injusto
Tua consciência é quem diz
Pois tu és o que tu faz
Ti repelí Eu jamais fiz
O livre-arbítrio eu li dei
Tu és livre Eu bem sei
Castrar sua vontade não quis.

Si o bem ou si o mal?
Isto depende do teu querer
Sou Deus, vós sois Deuses
A consciência está em você
O que plantares no roçado
Jamais será ignorado
Na hora que fores colher.

Pro seus acertos e erros
Que tu fizeres neste chão
Bom ou mal será para ti
É de acordo a plantação!
Pois a terra tu voltarás
Pra o teu erro pagar
Numa nova encarnação.

Quando você foi criado
Ti fiz simples e ignorante
Foi sabia minha decisão
Que tive naquele instante
Nas idas e nos regressos
É que terás o progresso
Nas somas do teu montante.

Não foi nenhum privilégio
O Betovem saber tocar
Foi ele que conquistou
Durante o seu caminhar
Quanto mais fazer o bem
Mais vantagem você tem
De o progresso aumentar.

Se eu fosse ajudar o Mozart
Eu não seria o teu Deus
Estaria sendo injusto
Com os outros filhos meus
Cada um o livre-arbítrio tem
Pra fazer o que lhe convém
Para os progressos seus.

Não fiz milagres pra ninguém
O mérito cada um tem
Você construirá seus méritos
Si praticares só o bem
Está só no seu querer
O que você vai fazer
Só a você convém.

O teu céu e teu inferno
Você é que vais construir
Eu não criei coisas ruins
Para ao meu filho Eu punir
As minhas ovelhas terão
As chances que precisarão!
Nenhuma delas vai sumir.

Deixei aí para vocês
A lei de causa e efeito
O que plantares vais colher
É assim que devi ser feito
Mas a semente que vais plantar
É você quem escolherá
Porque tens todo o direito.

Airam Ribeiro

Alerta no Planeta Água




















Você já parou pra pensar
Dos futuros filhos que vão nascer!
Onde é que eles vão encontrar
Água potável para beber?
Nós devemos nos preocupar
Pois a água vai acabar
È o que o cientista prevê.

O terceiro milênio terá
Este enorme desafio,
De oferecer a humanidade
A água pura no rio.
Pois para o futuro vivente
Vamos preocupar com a nascente
Que lá da serra sumiu.

Nosso Planeta está em crise!
Somos uns míseros poluidores,
Sujamos tudo que está na frente
Como um bando de predadores,
Ainda bem que ainda tem
Homens preocupando também
Com as nossas futuras dores.

O Brasil é muito rico em água
Estará isento esta grande nação?
Caro amigo brasileiro e leitor
Eu lhe garanto muito que não,
Pois também nosso país é rico
Escrevo e não retifico
De homens sem formação.

Há vários paises da Europa
Importando este líquido precioso,
Já tem paises por lá também
Vendo este líquido escassoso,
Aqui não se imagina
Quando este líquido termina
O quanto é feio e tenebroso.

É pra gente ficar atento
Desde já ir preocupando,
Basta nas margens de nossos rios
Começarmos a ir florestando,
Cuidar bem de nossas nascentes
E também dos afluentes
Que descem para o oceano.

A Agência Nacional das Águas
Diz da imensa poluição,
Que está fora de controle
Nos rios da nossa nação,
Pois já foram constatados
Com boletins apresentados
Os altos índices de contaminação.

A coisa está aí acontecendo
E nós não queremos enxergar,
Somos cegos gananciosos
Envenenando tudo que há,
E este tesouro fabuloso
Que tomamos em goles gostosos
Está perto de acabar.

Alerta máxima no Planeta Água!
Pois o ritmo atual da utilização,
Leva toda a humanidade à escassez
Se continuar a demanda da poluição.
Prevê-se no máximo 50 anos
Sem deixar nenhum engano
Pra você que está neste chão.

É preciso a muitos professores
Seus alunos conscientizar,
Da falta que faz a água
Lá dentro do nosso lar,
Que a escola do nosso Brasil
Falem como estão nossos rios
Doentes a nos implorar.

Foi criada a Lei das Águas
Para poder regularizar,
Propondo a gestão participativa
Dos recursos hídricos que há,
A Lei nº 9433
Veio trazer pra vocês
Que devemos nos conscientizar.

Os rios pedem socorro
Em um grito silencioso,
Mas são poucos que escutam
Este grito lamentoso,
Também não querem enxergar
A poluição que está no ar,
Que é um caso melindroso.

95% da Água potável
Não é um índice imaginário!
Foi estudado e é real
Até provar o contrário,
Está sendo comprometida
Sem achar nenhuma saída
Nos esgotos sanitários.

Nos últimos 60 anos
A população mundial duplicou,
E o consumo da água também
Por sete se multiplicou,
São seis bilhões de pessoas
A tendência é aumentar a cada ano
Então este Ser Humano
Vai sofrer por ser predador.

Sou apenas um grão de areia
Que com esta intuição,
Escrevo aqui para vocês
Esta minha preocupação,
De levar à sociedade
Do velho ao de pouca idade
Esta importante informação.

USO DA ÁGUA NO MUNDO
Agricultura 69%
Industria............................. 23%
Uso doméstico................... 8%
QUANTIDADE DA ÁGUA NO PLANETA
Água salgada....................97,30%
Calotas polares................ 2,07%
Água doce...........................0,63%

Airam Ribeiro

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Mataram as Árvores da Praça Castro Alves















Airam Ribeiro

Na Praça Castro Alves
Bem em frente à prefeitura
Eu via árvores frondosas
Uma imagem de formosura!
No meio ainda o barbudo.
Porque derrubaram tudo?
Porque não teve censura?

Cortaram todas as árvores
Acabou com a cantoria
Das cigarras todas as tardes
Estourando de alegria
Tocaram cimento no chão
Até fizeram um buracão.
Mas ali, quem sentaria?

Pois o sol a esquentar
Nestes dias de verão
Sem as sombras das árvores
O que vai ser então?
Na praça nenhum vivente
Pois o sol é muito quente
Nesta presente estação.

Quem vai anunciar a chuva
Das águas que estar por vir
Decretaram-se este ato
De agente não mais ouvir
Acabou-se com o encanto
Das cigarras com seu canto
Que entoavam bem ali.

Quanto aos moradores da praça
Que faziam suas algazarras,
Pedindo urgentemente
As mortes das cigarras!
Deve agora estar a sorrir
Por não ter mais que ouvir.
E os que fazem as farras?

E os barulhos dos farristas
Que no bar estão a beber?
E o som da rua bem alto
Quem vai ele conter?
Fez calar por covardia
As cigarras naquele dia
Sem ninguém a socorrer.

E as árvores coitadas!
Porque tanta covardia
Só dava sombras e flores
Era só o que fazia!
Eu lembro a criançada
A brincar toda animada
Esbanjando de alegria.

Hoje, não existem árvores
Cortaram sem anestesia
Suas folhas não mais existem
Seus troncos ainda alumiam
Nas brasas do carvoeiro
Porque um grande oleiro
Levou para sua olaria.

Reparem quando passarem
Lembrem-se da beleza,
Das cigarras, e dos pássaros
Que encantava a natureza,
Natureza que na praça
Agora não tem mais graça.
Por causa de uma fraqueza.

Aos moradores da praça
Quando olharem das janelas,
Um dia vai sentir a falta
Daquelas flores amarelas.
Sem preocupar com o verão
Cortaram as raízes no chão
Daquelas árvores belas.

Não há mais sombras das árvores
Agora a praça é só cimento.
Não poderão mais reclamar
Pelo grande aquecimento
Queriam sem árvores viver?
Então agora vão conviver
Com a quentura do momento.

Aconteceu o desrespeito
Ao nosso meio ambiente
A praça ficou pelada
Pra alegria de muita gente
Aos poucos matam o planeta
O homem com sua tineta
Este ser incompetente.

Ao som fúnebre do moto serra
A seiva do talho desce ao chão
Estava a árvore a chorar
Pedindo socorro em vão
Caem folhas, galhos e ninhos.
Bate asas o último passarinho
Por causa da destruição.

Debaixo de suas copas
Sentavam aposentados
Lendo revista ou jornal
Num dia ensolarado
Não sabendo da estupidez
Que homens sem sensatez
Já tinha na mente traçado.

Dentro de um gabinete
Decretaram a destruição
Agredindo o meio ambiente
Aumentando a poluição
Desarrancharam os ninhos
Onde nasciam passarinhos
Depois da acasalação.

E o poeta lá em cima
Em sua contemplação
Que deu nome à praça
O que vai dizer então?
Se em seu navio negreiro
Ele defendeu ligeiro
Falando da escravidão!

Escravo de um domínio
Onde a árvore não tem direito
Quando se compra o Ibama
Quando tudo não tem jeito.
O que fizeram os vereadores
Cadê esses defensores
O que fez nosso prefeito?

“Éramos somente árvores,
Discretas, mas imponentes
E víamos pelas vidraças
A vida de muita gente
Mas nunca contamos nada
Daquilo que à gente via
Porque a nossa função
Era dar sombra e alegria.”

Pra lembrar aqueles tempos
Belos tempos de alegria
É que o poeta Airam Ribeiro
Teve a idéia naquele dia
De guardar muitas imagens
Da praça com suas folhagens
Dentro de uma fotografia.

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terça-feira, 2 de março de 2010

O vereador
















Promete mundos e fundos
Para o emprego conseguir
Vai de casa em casa
Para seu voto pedir
Diz que tem capacidade
Pra lutar pela cidade
Que não é de se iludir.

Na rua conhece todos
Para todos faz saudação
Mesmo pro cara de costas
Eles levantam a mão
Paga cerveja pra uns tomar
Remédios pra outros sarar
Até chegar a eleição.

Faz sua boca de urna
Da comida pro eleitor
Trás ele de carro próprio
De qualquer canto que for
Acha que ta explorado
Anda só com uns trocados
Para dar pro fumador.

Depois das dezessete horas
Do dia da eleição
Não conhece mais ninguém
Dá as costas pro cidadão
Sendo o voto conquistado
Esse não será tomado
Até a hora da apuração.

Quando vê o resultado
E a certeza que ganhou
Tira logo umas férias
Pra longe do eleitor
Não quer ser mais explorado
Desse povo enjoado
Que procura o que não guardou.

Então já o novo prefeito
Já quer ele conquistar
Para fazer o presidente
Para na câmara mandar
Para o bom andamento
Dá logo um adiantamento
Depois de negociar.

E ele que mentiu tanto
Nas suas promessas feitas
Vendo o montante na mão
A proposta não rejeita
Vende logo sua moral
E edicetara e tal
Mas não foge dessa treita.

Vendido para o prefeito
Dá-lhe logo carta branca
Esse vai fazer o que quer
Foi negociação franca
Reunião? Não sei pra que!
Para enganar você.
Que nunca se manca.

Cada Lei tem um preço
Numa sessão ordinária
Ela vai se valorizando
Se for extraordinária
As contas sendo aprovadas!
A verba é melhorada
Numa ação necessária.

Com o emprego garantido
Que o povão lhe confiou
Vai viver seus quatro anos
As custas do eleitor
É pau mandado do prefeito
Vendeu-se não tem mais jeito
E traiu o seu eleitor.

E eles que estão lá
Na câmara pra nos defender
Faz tudo ao contrário
Vendo o povão se fumar
Aprovam leis que lhes favorece
E do eleitor se esquece
Nem lembram mais de você.

Entra ano e sai ano
E eles na brincadeira
A coisa é sempre a mesma
Só muda mesmo a coleira
Votar pra vereador?
Não faça isso senhor!
É o voto da perdedeira.

Entra dentro dum terno
E coloca uma gravata
Nos matando de vergonha
Aprovando leis ingratas
Até quando vai ser
Ninguém poderá saber
Pois a vergonha não mata.

Chega o final do mandato
Vem ele de novo outra vez
Com as mesmas mentiras
Pra tapear o freguês
Mas cuidado minha gente
Com o coração de serpente!
Outubro é que é o mês!

Diminuíram para Nove
Ainda acho bastante
Para não fazer nada
Três seria o montante
Com responsabilidade
Ajudaria a cidade
Sendo honesto no instante.

Como em tudo há exceções
Existem alguns que trabalham
Muito pouco na verdade
Nas reuniões nunca falham
Pode apontar de dedo
Os que trabalham sem medo
Do prefeito que lhes ralham.

Airam Ribeiro
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Defendendo o além









Por Airam Ribeiro




Meu caro amigo
Veja se eu entendi:
Tu queres defender a terra
Pra não ter que partir;
Se da terra você gosta
Então lhe faço a proposta
Pode defender daí!

Que eu cá de cima
Vou defender o além
Pois daqui eu vejo todos
E não escapa ninguém;
Você daí não ver nada
Com a vista enfumaçada
Não enxerga muito bem.

Sua terra já prestou
Hoje ta no abandono
É uma terra de ninguém
É igual casa sem dono;
Que não sabe fazer trato
Para não prender os ratos
Que quer lhes tirar o sono.

Vi Deus fazer cá de cima
Para a terra dar de presente
Muitos rios e a Amazônia
E eu vi Deus todo contente;
Mandando a fauna e flora
Uma verdadeira penhora
Carregada de sementes.

Mas veja o que fizeram
Com tudo aí embaixo
A mata Atlântica acabou
Vocês são uns esculachos!
Veja a camada de ozônio
Eu quero é que o demônio
Coloquem vocês no taxo!

Olha só a Amazônia
O pulmão da humanidade,
Eu vi Deus fazendo a mata
Com tanta felicidade
Deu aos filhos de presente!
Pensam que Deus não sente
Com toda essa maldade?

Ele fez a água e colocou
Para a sua serventia
Para que vingasse a semente
Na grande sabedoria,
Deu-lhes o peixe pra alimentar
Ensinou o homem a pescar
Pra seu alimento do dia.

Deu o sol para vocês
Para a terra esquentar
Nos dias frios de invernos
Quando a estação chegar;
Como o calor é muito forte
Deu também o suporte
Dando-lhes o filtro solar.

E a camada de ozônio
Foi o nome que deu
Mas veja o que fizeram
Como Deus entristeceu!
Com os gases poluentes
Veja só como o acidente
No filtro solar mexeu.

Tudo que Deus faz para a terra
O homem faz o desmantelo
Não tendo mais o filtro
O calor do sol derrete o gelo,
O homem metido a macho
Eu o vejo aí embaixo
Sem poder ir defendê-lo.

Eu vi quando fez a terra
Dando a fertilidade
Fez os animais fez o homem
Dando-lhe a capacidade
Vi fazer a mulher
Para quando ele quiser
Aumentar a humanidade.

Deu-lhes sabedoria
Deu-lhes também o ar
Deu-lhes a inteligência
Para poder inventar;
Mas em nome da maldade
Ele achou a perversidade
Fazendo a bomba nuclear.

E desse dia para cá
Deus lhes deu a consciência
Pra registrar os seus erros
Pela desobediência;
Livre arbítrio é o castigo
Você levará consigo
Pra medir a sua tendência.

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Promoção da funerária




















Airam Ribeiro

Inaugurou na semana
A funerária Itanhem
Oferecendo vantagens
Para a viagem do além;
Venha fazer o plano
Pra não ficar no engano
Pois pra lá tu vais também.

Olhe as vantagens
Para obter a mortuária.
Velas ornamentação
Perto da rodoviária;
Flores em naturais
Também artificiais
Tem na casa funerária.

No plano é incluído
A taxa de sepultamento
Tem anuncio na FM
No dia do falecimento;
Tem conjunto masculino
E também o feminino
Com bonito paramento.

Aproveite logo você
Deste plano genial
Tem cordão de S. Francisco
E lanche no funeral;
Se não tiver quem chora
No plano ele é na hora
Para ninguém passar mal.

Até duzentos quilômetros
Do local do sepultamento
O plano cobre tudo
Sem ter adiantamento;
Só paga dez por mês
Para agradar o freguês.
Aproveite o momento!

Pra você que ta doente
E sua hora ta chegando
Não se preocupe amigo
Vou logo confortando;
O caixão é de primeira
A tampa é escorregadeira
Para não ir perturbando.

Assistência à família
Nas vinte e quatro horas
Consolando, confortando
Até ao romper da aurora;
Está sempre de prontidão
Só sairemos do salão
Quando o defunto for embora.

A morte a qualquer hora
Pode vir lhe buscar
Venha logo fazer o plano
Para não se preocupar;
Você pagará sem ver
Antes mesmo de morrer
As vantagens vão acabar!

A funerária lhe deseja
Lá no céu ou no inferno
Um magnífico descanso
E que tudo seje eterno;
Se tiver no purgatório
Já é fato notório
Que os lá são fraternos.

Pode morrer feliz
Sabendo da promoção,
Venha aqui em nossa loja
E experimentar o caixão
Pode ver que é confortado
Se não for envernizado
Pode reclamar do patrão.

Vá com Deus pra onde for
E também agradecemos
A família do defunto
A quem amizade, fizemos;
Para quem quiser morrer
Pode vir que aqui vai ver
As mortuárias nós temos.

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Livuzia di Sór quenti







Airam Ribeiro







U sór tininu quenti
Nu mêi du céu isquentava
Nunciava para agenti
Qui mêi dia já xegava
Tonci eu vi uns pipôcu
Miscundí detráis dun tôcu
Pra vê u qui ci paçava.

Botei u cabu da inxada
Iscanxadu nu subacu
I ispiêis na terra arada
Us mijá nacenu a vacu
Nas ispiga us pacoti
Qui pençêi içu é troti
Çuntêi pitanu u tabacu!

Ni cada ispiga di mi
Us pacoti pinduradu
Ispantei cum aquilu alí
Qui fiquei inté vexadu
Pençei: será livuzia
Qui tô xerganu di dia
Venu tudu izageradu?

Era tantu tirotêru
Pru ladu du milhará
Qui intrei in dizispêru
Quagi inda paçanu má
I us tiru cuntinuava
Cada um qui pipocava
Eu danava a paçá má.

Ci era us povu di lampião
Qui tinha vortadu du céu
Atiranu pelos xão
Pra acertá nus incréu
I qui tava aqui di paçagi
Tornei pençá qui era vizagi!
Condu carmô meu coração.

A tarde toda foi tirotêru
Nas guerra du milhará
I eu di longi ispiava
Cum medu inté deu i lá
Só qui genti eu num via!...
Axu qui era livuzia
Qui vêi pra min medrontá.

Quandu o sór ci isfriô
Di longi eu ispiava
Aqueli tirotêru cabô
Só u çilençu reinava
Eu vortei naqueli cantu
Quá nun foi u meu ispantu!...
Era us miu qui pipocava.

Tava us pacoti lá
Nas ispiga pinduradu
Qui cum u sór foi pipocá
Ficanu todu pocadu
Us povu xagava pra vê
Argum nun quiria crê
Nu qui via pur todu ladu.

Xamêi toda a famia
Pra min ajuda a coiê
Todus cum a aligria
Vêi correnu para vê
Todu mundu ali cumia
As pipoca nua aligria
Foi mutia genti a cumê.

Pençêi vô inrricá
É na cigunda prantação
Éça safra dagora
Vô da pru povu cristão
Dei pru peçoá da cumadi
I pru peçoá du cumpadi
Éça fartura qui vêi du xão.

Ni toda éça coieita
Us povu ci istravazô
Argum fazia disfeita
Inté qui as pipoca cabô
Mais tudu qui caba é ancim
Tem mermu di xagá nu fim
Son obras du Criadô.

Mais despois di tudu cabadu
Qui fui percurá a sumenti
Tinha todas pipocadu
Nun sobrô nem pru batenti
Mi pipocadu num naci
Ci dêci sõin acordaci
Eu ia falá pra mutia genti.

Quiria vê era os intelequituá falá na língua caipirêis














Por Airam Ribeiro

Tem ora qui eu tô leno
Inbora qui suletrano
Mas num intendo nada
Em algo qui fico oiano
É tanto intelequituá
A querê iscrivinhá
As nutiça qui ta dano!

Condo no papé tem figura
Inté qui fica mais mió
Agente fica só oiano
As cô numa ora só
Quindera tivece istudo
Pra intendê aquilo tudo!
Ô Deus de eu tem dó!

Cuma féis qui ieu nacêce
Logo ni uma paioça
Arrudiado de mato
I sem iscola na roça?
Pruquê num sô intelequituá
Dexano ieu anté ficá
Iguá burro de carroça?

Pruquê uins tem sorti
De tê mutia sabiduria
Qui iscreve ton bunito
Cum sua calilgrafia?
As palavra difici usa
Qui inté as vêis se abusa
De nóis quais todo dia.

Pruquê o Sinhô num dexô
Só o dialeto caipirês
Pra acabá a umilhação
Ancim logo de vêis
Axo qui é bem mais mió
O Sinhô di nóis tê dó
E acabar cum o purtuguês.

Eli é mutio cumplicado
Pra nóis aqui du sertão
No caipirêis agente aprende
Num tem cumpricação!
Mai ece aí purtuguês
Eu só digo pra ancêis
Iço é linguage du cão.

Si falamo antonse
Elis diz qui é intão
Se agente fala cú
Elis diz qui é palavrão
Anus é de calendáro
Elis nuis faiz de otáro
Ancim num intendo não!

As manga lá da roça
Agenti num pódi xupá
Eça é di capim
Diz us intelequituá
Inté a mandioca na fêra
Tão chamano de macaxêra
Elis vão mi indoidiá!

Pruquê tem iscola
Pru rico i pro pobre não?
Pruquê o solo do rico
O pobre chama de chão
Se fôçe tudo caipirêis
Agaranto pra ocêis
Qui us dois vevia mais bão.

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Ci eu fôci um jumentu















(Uma amiga fez uma quadra no dia das bruxas para mim.)

Ah se eu fosse uma bruxa
Ia fazer um encantamento
Fazia um capixaba de mula
E um baiano de jumento.

(Foi tudo por brincadeira, mas dei esta resposta mesmo assim)

A ci eu fôçi um jumentu
Mai qui num fôci franzinu
Eu ia correnu pra ajudá
Os meus irmãos nordestinu.
Cum u’a seca déça danada
Eu ia intrá nu’a xapada
Pra axá água prus mininu.

Pois dá tristeza na genti
Vê tanta lata vazia
A nordestina vai longi
Qui da cansaçu, da gunia
A ci eu fôci um jumentu
Garantu nu momentu
Elas tinha mais aligria.

Tanta genti andanu a pé
Pur esti xão isturricadu
A ci eu cêci um jumentu
Ia ajudá mais us coitiadu
Sei qui duia meu istombu
Dêxava elis subí nu meu lombu
Pa nun vê seus pé inxadu.

Aquelis pé pocadu di bôia
Di andá na istrada a pé
A ci eu cêci um jumentu
Iguá us jegui di canindé
Eu ia cê grandi istoriadô
Pur carregá tanta dô
Das sufredôra das muié.

Num importa u qui cumia
Para a minha limentação
Mia grandi importânça
Era tirá elis daqueli xão
Nem qui a cangaia min botáci
Contantu qui água eu axáci
Pra meus irmão du sertão.

A ci um jumentu eu cêçi
I fôçi juntu com a procição
As criança nordestina
Eu tirava elas du xão
Pra condu na iscola xegaci
Sastifeita elas istudaci
Pra cê arguém da nação.

I condu xegáci mei dia
Eu era rilógio marcadô
Di manhã pra acordá
Eu virava dispertadô
Qui as jegadas du sertão
Viéci di prontidão
Pra min dá o seu amô.

Uma jega eu ia tê
Só pra min fazê carin
Eu ia subi nu seu lombu
Pra lí dá mutios bejin
A ci eu fôci um jegui ruão
Dêcis grandi du sertão
U nordesti num tava ancim.

Eu ia tê u grandi prazê
Di dá a resposta na óra
Qui foi us da mia raça
Qui carregô Nóça Sinhóra
Qui prus roçêru fui u rei
Doendu u lombu bem sei
Mais um jumentu nun xóra!

Sai lágrima seca di dô
Dus garranxu a ispinhá
Mas u fêxu di lenha no lombo
Era u jeitio eu carregá
Só num quiria era vê
U irmão nordestinu sofrê
Nem tombém ci lastimá.

A ci eu ceci um jumentu
Pra nas quebrada du sertão
Buscá em léguas di distança
Um tiquin di água nu xão
Eu ia cê um disbravadô
Daqueli povu sofredô
Us mai sofredô da nação.

Pra carregá um duenti
Ou pra ajudá um tropêru
Cum u’a sela nu lombu
Eu ia nu meu viajêru
Ci um dia eu fôci um jumentu
Axu qui meu paçatempu
Era mijá nus terrêru.

A ci tiveci um incantamentu
I di jegui intão min fizéci
A ci u’a fada madinha
Pur aqui ela viéci
Eu ia cê bem mais filiz
Cê um jumentu nêci país
Pra ajudá a quem padeci.

Drumia in corqué murundú
Usandu a luz du luá
Rilinxanu nas quebrada
Só para as jegas iscuitá
Quarqué coiza era meu rangu
Eu dexava us curiangu
Argum carrapatu tirá.

A ci u’a bruxa quarqué
Viéci aqui min incantá
Eu iria bem sastifeitu
Pru mundu dus animá
Qui nun perciza di baiêru
Ci caga memu nu terrêru
Sem ó menu ci preocupá.

Jumenti num sabi xorá
Mais eu ia tenta aprendê
Pra xorá cum meus irimão
Qui vévi nu nordesti a sofrê
A ci eu fôci um jumentu
Eu istaria nêci momentu
Cum a jeguinha bemquerê.

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O causo do sistema urinário de Zézin















De Airam Ribeiro

Cumade Jula vô te falá
Condo o Zézin aduiceu
Ieu fui num pidiatra
Um cunsêi qui Fia me deu
Vou te cuntá tudim
O qui foi qui cunticeu.

Num vô falá nas palavra
Du purtuguêis do seu dotô
Pois ele falava ton bunito
Cum inducação e amô
Vô tentá no meu sutaque
Qui pra mim Deuzu dexô.

Tava eu lá na roça
Num dia mutio precáro
Condo notei meu fi duenti
Nu seu sistema urináro
Iço no dia dois de janêro
Qui marcava o calendáro.

Fiquei dodia varrida
Sem sabê o qui fazê
Veno o pintin tampadu
Sem os miju neli descê
Inton peguei us animá
E botei elis pra corrê.

Fui botano na carroça
Tudim qui pudi arrumá
Arrumei bem os pano
E tudo qui pude levá
Frarda, bico, prizia,
Tava tudo no imborná.

Xeguemo no postu du suis
Qui tava ali de prantão
Eu já tava priucupada
Caquela situação
Iantes de fazê a frixa
Pidi a Deuzu u’a mão.

Logu xegô uma dona
Di vistidim todu branco
Mandô logu ieu sentá
Trazenu pra mim um banco
Me priguntô o que qui foi?
Eu lhe rispondi num tranco.

- Óia sá dona minina
Tô notano qui o Zézin
Ispreme mutio e xôra
I só mija us tiquin
Axo inté qui o muleque
Tem um probema nos rin.

Pruquê eu vejo a bixiga
Dura quiném milancia
Qui condu eu aperto ela
Dói imbaxo da viria
Qui vai caino só us pinguin
De miju dento da bacia.

Niço abriu uma porta
E o dotô mandô eu intrá
Botô o Zézin na cama
Cumeçô a inzaminá
Pegô os seus aparei
Passô pra lá e pra cá.

Tirô a frarda de Zézim
Viu logu o vremeião
Logu passo u’a banha
Ondi tava a inrritação
É a drermatite da frarda!
Ele me deu a ispricação.

Pra fazê eça igiene
Num dexá as fezes não
Inxágua bem cágua morna
Sem fazer a friquição
É isso que faz o Zézin
Está com essa ritação.

- Qui diabu é fezes cumadi?
- Bem, iço priguntei pru dotô
Entonsse ele me rispondeu
Qui era um ta de cocô
É a mema coisa de bosta
Qui a moça de brancu falô.

- E friquição? Qui trem é êçe?
- É condo agente bota as mão
E vai fazeno cun fôça
Com as movimentação
Que se fizé mai digavá
Num da vremelhidão.

I logu in siguida eli
Pegô o pinto de Zézin
Apertô a sua cabecinha
Viu qui tava bem molim
O Zezin deu um gimidu
I eu cun dó du meu bixim!

Mexeu e rivirô o pintin
Viu qui tinha inframação
Pegô logo sua zaguia
Para dar logo a injeção
Frimose era o nome do côro
Queli falô na ocazião.

O côro qui tava sobrano
Ia inxeno de sujêra
A sujêra deu infrequição
Que duia du’a manêra!
Inté atacô as ureta
Trancano a mijadêra.

Eli cortô aqueli côro
Qui custurô in redó
A cabecinha ficô liza
Iguá a careca de Coió
Despois ele falô pra mim
Ancim fica mais mió!

- Custurô iguá custura
As rôpa nus arfaiati!?...
- Sim minha cumade
Inda botô us arremati!
U’a água bem vremeia
De nome mertiolati.

Notô u’a coisa istranha
Nu meu mininu Zézin
Diçe qui tava mutio arto
Aqueles seus dois ovin
U’a ta de cripitocardia
É mai ou meno ancim.

Num da preu falá ceurtu
Num fais a língua obedecê
É eça palavra fêia memo
Qui faiz os zovin num descê
Prum um ta de iscroto
Qui num çêi nem iscrevê.

- O qui é iscroto cumadi?
- Cuma posso te ispricá!
Iscroto é aquele saco
Qui põe us zôvo pra guardá
Ele vévi a vida toda
Cun us zôvo a pindurá.

Uns xama de capanga
Ancim fala argum povo
Que é memo qui saco
Pra móde guardá o zôvo
Si num tivé intendeno
Pódi priguntá de novo!

Cuntinuano a prosa Jula
Iele me falô ancim
Dona, ainda num cêi
Cuma ta vivo o Zézin!
Cum tanta duença neli
Ta cum sorti êçe bixin!

Diçe qui o meu Zézin
Tava cum u’a infrequição
U’a ta de duença urinára
Deixano aquela gemeção
Disse qui foi as baquitéra
Qui causô a inframação.

- I u que qui é braquitéra?
- já vô ti dá a risposta
O meudico ancim me falô
Quela vem inté nas bosta
São uns bixin piquitintin
Qui só us porco é qui gosta.

I tombém in certas pessoa
Qui num lava as suas mão
Nelas as bactéra ospeda
I só morre cum sabão
Ou inton cun disinfetanti
Condo agenti lava o xão

Sôbe uma ta de genitália
Eli tombém me ispricô
Deixa o pintin mais maió
E larga o buraco do mijadô
Disse, tem preseunça di ernia
Tudim iço eli me ispricô.

-Geni!... o que cumadi
Pódi torná me ispricá?
- Genitália ele falô cumadi
Qui faiz tudo atrapaiá
O pinto ómenta de tamãin
Nun dexano Zézin mijá.

Falô inté preu cumprá
Qui era pra lavar cum sabão
Um ta de sabão neurtro
Pra móde lavá a sicreção
Qui eu tinha qui tê coidiado
Pra fazê a genização..

Quando fui li dispidí
Iele abraçô o minino
E priguntô si eu num tia fia
Do séquiçu fimininu
Disse, tem uma fia dotô
I cum a cabeça sacudino!

I eli enton me ispricô
Qui tem tombém nas minina
Todo um sestema ginital
Com as tubas uterinas
Citou inté dus ovário
O útero e a vagina.

Qui tinha o monti púbico
Lábio menó e mais maió
Foi mi ispricano iço
Sem tê priguiça nem dó
Tanta ispricação mutio boa
Queu nunca vi coisa mió.

- Lábio?... qué é iço cumadi
Só cêi as da boca de cima!
Nun pensei qui tinha lábio
Nas pererêca das minina!
- Ancim ele mi falô cumadi...
Deve de cê coisa de merdicina

Despois falô tombém
Do vestíbulo da vagina
Das glândulas vestibulares
E dos bulbos das minina
I qui iele aprendeu tudin
Pruquê fêiz a merdicina.

E quem cuida das muié
É as ta di giniculugista
Qui é u’a meudica priparada
Tombém u’a ispicialista
Despois me apertô a mão
E me dissi inté a vista!

Cumadi entra pa dento
Pega um banquim pra sentá
Qui eu vô fazê um café
Pramódi nóis tomá
Proziei mutio cancê
Agora nóis vai alimentá.

Inconto a água freve
Eu vô lá no mandiocá
Buscá u’as pra nóis cumê
Pois vejo a barriga roncá
Mais iço é só despois
Dêu pô o Zezin pra mijá.

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segunda-feira, 1 de março de 2010

Biête pra minha terra natá















Aos povo de minha terra
Nestes verso vô citá
Que o mundo tá leno
O nome deste lugá
Foi aí que eu nasci
Só onze anos vivi
Nun ôtro canto fui morá.

Saí cum tristeza no rosto
Pra Brasília capitá
Mermo de longe a amo
Esta minha terra natá
Sô um poeta do cordé
Tentano ser menestré
Pensano num dia xêgá lá.

Minha cidade natá
Terra do bom café
Este teu filho poeta
Relata tudo que és
É a terra dos gerais
Ilhada de cafezais
Com grãos de ouro nos pé.

Através da Intreneti
Teu nome é elevado
Nos quatro canto da terra
Teu nome já ta citado
Na literatura de cordé
Teu filho tem o papé
De teu nome cê izaltado.

Tua gente é hospitalêra
Tens o maismió São João
Teus jardim têm flores linda
Tão linda desde os botão.
Ah! Se eu pudesse agora
Ia correno sem demora
Para pizá em teu xão.

Oiá pra os dois morro
Imponentes a vigiá
Seno o cartão postal
Tão alto ao níver do már
Sentí seu frio refrescante
E vivê por um instante
A minha cidade natá.

É triste vivê tão longe
Das terra donde se nasceu
Não custuma não sinhô
Pergunte ao peito meu
Finge-se que custuma
E cum a saudade se arruma
Sabeno o quanto sofreu

Remueno as lembrança
Lembro o lampião de gáis
Que Tiré sempre acindia
Para os nosso ancestrais
Saudades das brincadêra
Da infância verdadêra
Que não vorta nunca mais.

Saúdo a famia Ribeiro
Qui vus abraço cum carinho
Cito tia Dadá premêro
Depois João e Brandinho
São muitos para citá
Por isso eu vô pará
Cum Maia no finalzinho.

Desejo felicidades
Pra os filhos que aí estão
Terra de flores e encanto
Estás em meu coração
Assim que junho chegá
Aí eu vou passeá
Pra curti o teu São João.
Airam Ribeiro

Tá aí o bom pra ôbezidadi







De Airam Ribeiro








Pruquê o pobre coitado
Num vévi eça filicidade?
Num adquére eça duença
Eça ton falada obêzidade
Pruquê luta eça fartura
Com a tá niciçidade?

Que se livrá da obêzidade?
Vem trabalhiá no grotão
Sentí o gosto de terra
Soprá os cálo das mão
Sentí sôdade da carne
Bem na hora da rifeição.

Mastigá um cabilôro
E seu cardo ingulí
Com um pôco de farinha
Pra vê a fome sumí
Deitá in riba dum côro
Na hora que fô drumí.

Buscá o jegue na manga
Com o só quente na cacunda
Corrê pra destrás das moita
Sentí o ar em sua bunda
Despois buscá o barde d’água
Naquela cacimba funda.

Fugí de vaca ciumenta
E cansá de tanto corrê
Isso com o só a pino
Numa quintura de doê
Se ancê num ficá magrelo
É ruindade podes crê.

Se montá num jegue in pelo
Suas banhas vai cabá
Buscar u’a quarta de farinha
Na próxima vila que há
Despois vortá apreçado
Para o só num te quemá.

Mas pra cozinhá cabilôro
A lenha tem de buscá
Leva machado na mão
Que é pra ancê derribá
O pau véi na capoeira
Pra despois ancê lascá.

Amarra o fêxe direito
Que a muié ta esperano
Não anda bem digavá
Que o fogão ta apagano
E a tua única vaquinha
No currá já ta berrano.

Divide o leite minguado
Com o bizerro que nasceu
Ele ta berrano dimais
É que o dia já amanhiceu
Assim que tomá o café
Vai cuidar do que é teu.

Não dêxe inxada parada
Pra ela num inferrujá
Inxada foi feita pra carpí
E a mão foi pra calejá
Quero ver se a besidade
Da cacunda não vai te largá!

Despois vai no açude véi
Vê se pesca um lambari
Oia bem aquele preá
Parece que entrô ali
Corre lá que eu fico cá
Não dêxe o bixo fugí.

Pegue o chapé de páia
A cuia está aí ao redó
Pegue os grãos da fava
Vamo tacá ele no pó
Despois de estocá a terra
E tirá todos os cipó.

A noite vem pega a viola
Qui a lua já tá chamano
Toca a Cabôca Tereza
Pras tristeza ir se mandano
Óia o clarão na chapada
Cuma já tá clareano!

Galo canta na madrugada!
Acorda que é outro dia
Toma um gole de café
Ele é bom pras caloria
Piaba já tá latindo
Óia o rabo que aligria!

A caxumba de Bastião






De Airam Ribeiro













Onti eu vi Bastião di tarde
E notei neli um trem istrain! ...
Quano ôiei mais pa báxo
Vi suas coisa dêçe tamãin
-Priguntei, qui foi Bastião?
-Nun sei, notei lá no bâin.!

-Eu senti um trem deceno
Só foi pará mais in báxo
Senti uma dô mutio forti
Bem no mei dus meu cáxo
Dei um gritu meu Deuzu!!!!!
Me ajude num sei o qui façu?!!!!

A capanga ingrandeceu
Us zovo ficô bem grandão
Qui pensei cumigu memo!
E agora seu Bastião!!
Cuma esse zôvo desceu
O qui será de mim intão?

Custumado com tudo certo
E cunforme us cumbinadu
Incará eçe pobrema novo
Nun tava nada faladu
Tô veno agora é a porca
Pro meu ladu trocêno o rabu.

Quano eu era piqueno
Via falá qui os zôvo rindia
Mai nunca isperava quiçu
Ia aparecê ni mia famia
Inda mai logu cum ieu
Um maxu véi da Baia?

Eu tava inté normá
Iante de a lêinha lascá
Quano acunticeu iço
Curri logu no ospitá
Memo mei invregonhadu
Mai foi o jeitu eu i lá.

Quano fui vesti as carça
Us zôvos num quis intrá
Na braguia nun cabia
Eu num pudia impurrá
As coisa duia dimais
De tanto a véia isfregá.

Notei a véia priucupada
Eu falei vamo carmá!!
Eçe trem cun us rimédio
Deve de logo miorá
Vô subi na carroça
Mai ancê vai digavá.

A véia me deu uma tuáia
E mias perna inrrolei
Paçei um pano maió
Naquele zóvos vrêmei
Cun us trote dus cavalo
Num sei cuma agüentei.

Us zôvu ia lá in riba
Conde passava us buracu
Valei mia Noça Sióra!
Ai meu Deusu o qui eu façu?
Que condo us zôvo discia
Pareci qui viã us pedaçu.

U pió qui o meu pinto
Iscundeu dento do zôvo
Qui ninguém inxergava
I eu cun vregonha du povu
Na ora qui eu fui mijá
Outra cunfusão de novu!

O pintu nun apareceu
Para eu podê mijá
Eu senti u’a quentura
Du miju sainu prôto lugá
Iscurregava pela bunda
I saia du ladu de lá.

Xeguemo no ospitá
O meudicu inzaminô
Quano mandô eu virá
É qui as coisa piorô
Eu de barriga pra baixu
Os zôvo quase amaçô.

Apapô aquelis zôvo
Mi diçe infilismente
-Içu é caxumba moço!
-Dotô, diço eu tô ciente
Nun é nuvidade prece
Seu matutu criente.

Eu quero é qui u sinhô
Bota a duença pra riba
Caxumba é nas ôreias
Num é imbaxo da tiba
Mi dá logo as injeção
Caba logu cun a intriga.

-Ancê istava de caxumba
E peso ancê foi pegá
Pruque foi pegá pezu?
Agora guenti o azá!
Carma dotô que qué içu?
Num priciza si zangá!

Não tem rimédio priçu:
Falô o dotô intão
Péga casa de João de Barro
E faiz o barru cum a mão
Espremi um limão galêgo
Qui tem mutio na rigião.

Mas eçe Juão de Barro
Num é aqueli passarin
Eçe qui eu falu é um inceti
Qui é bem piquitintin
A sua casa é compridinha
Si ocê oiá bem dereitin.

Páça atrais das ôreias
Ondi axá qui ta duenu
Despois in riba dus ôvo
Pra us zôvo ir mulecenu
É todo dia meu rapaiz
Anté i disaparecenu.

E pras dô i simbora
Te falo u’a coisa viu!
Toma eçes cumprimido
Tem o nomi de duril
I quem toima eçe duril
Já sabi qui a dô sumiu.

Incontu iço seu môço
As coisa num pódi fazê
Mai ó meno cincu mêis
Ante de disaparecê
Si nun sigui us cunsêi
A caxumba torna deçê.

Quê qui ta falano dotô!
Nun póçu fazê as coisa intão?
I si eu fizé digavarin
Dipendeno da ocazião?
-Não pódi di jeitu nium
Dêxa de tanta falação.

E passáru cincu méis...
Cuma demorô de xegá!
Fartanu um dia a véia
Nun quis nem isperá
- Ah meu véi, pur causa dum dia
Deuzu num vai ti castigá!

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Supusitóro de baboza mata as vremis oquixuras



Hailton Mangabeira
é o autor (gravura)












Por Airam Ribeiro

Branca veno ieu coçá
Numa trimenda agunia
Quiria sabê du pruquê
Di toda aquela euforia
Falei logu sem frescura
É as vermi oquixiura
Tirandu mia aligria.

Enton iela mi receitô
Dispois da noça proza
O bom remeidio cazêro
Feitu da pranta amargoza
Qui tem in todu quintá
Qui é bom pra eçe má
E tem o nomi de baboza.

Mi isplicô cuma fazia
O venenu pra matá
Eça vremi ton danada
Qui só fazia coçá
Mi falô achano graça
Um supusitóro cê faça
Para as vermi si mandá.

Tira a casca da baboza
Só a ginléia vai ficá
Corta iela um pedaço
Para nu buracu infiá
Ieu digu sem frescura
Só entra tano dura
É priciso cungelá.

É qui moli num entra
Só dura é qui podi intrá
Cuma agiléia é bem moli
É pricisu cungelá
Pegue um pedaço i meta
É da largura d’ua caneta
E nu buraco podi infiá.

Mas ocê presta atenção
Deve isperá u momentu
Só quano coçá bastante
Nu seu acasalamentu
Num é caso iluzóro
Você pega o supuzitóro
E fais o acabamentu.

Òji mi sintu filiz
Já posso inté namorá
Miãs mão istão livri
Para pudê abraçá
Graça a pranta amargoza
Com u nomi de baboza
As vermi parô de coçá.

A baboza é vremicida
Não tô dizeno bestêra
É u’a pranta mediciná
Da fluora brasilêra
Infilismente a ciença
Pur fauta de cumpetênça
Num istuda iela intera.

Fiqui dispriucupadu
Ó meu quiridu rapai
Cum supusitóro fino
Num tem efeitu colaterai
Si ocê é cabra forti
E é nascidu no norte
Num pensi niço jamai!

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e-mail airamribeiro@gmail.com

Cordel para o Banco do Brasil













Lucro sobe 43% no trimestre e Banco do Brasil retoma liderança do setor. SÃO PAULO - O Banco do Brasil fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 2,348 bilhões, um crescimento de 42,8% ante lucro de R$ 1,644 bilhão em igual período de 2008. No final de junho, a carteira de crédito do banco estatal somava R$ 252,485 bilhões, o que representa um avanço de 32,8% ante os R$ 190,082 bilhões de reais no final do primeiro semestre do ano passado.

FILAS INTERMINÁVEIS
















Meu amigo promotô
E o dotô juiz de Direito
Neste cordé aqui tô
Revidincano no meu jeito
Mais prestenção o sinhô
Qui vô xamá mais dotô
Incrusive o prefeito.

Eu cunvido e nun ingano
Da camara seu prezidente
Tomém os dereitos humano
Para se fazê presente
O delegado cum sua prezença
Pra fazê uma diligença
Todos naquele ambiente.

Cunvido as vossa siuria
Qui cumanda as lei na cidade
A fazê uma vizitinha
Eu pesso por caridade
Vai inté aquele banco
Eu lis pesso, sô franco
Isprico a finalidade:

Segundo as nossa lei
Qui foi feitia pra nóis aqui
Só qui ainda eu num sei
Quando é qui eles qué cumprí
A demora ta u’a vergonha
Uns minuto a gente sonha
Ficá neste banco daquí.

Só os ricão, os bom!
É qui no banco tem veiz
Será se os outros tudo
Num é do banco freguez?
Quando vô na fila dotô
Min da inté um pavô
De tanto cansaço qui já fez!

Óia aí inrriba dotô
Os lucro qui os banco tem
Eu pregunto pra o sinhô
E quero a resposta tomém
Ajunta ocêis da justiça
Cum coragi, sem priguiça
Óia pra nóis de Itanhém.

São pôcos os impregado
Qui tem pra nos serví
Eles num tem curpa coitiado!
Eu lis defendo daqui
Só qui tem uns camara lenta
Aqui pra nóis ninguém güenta
Ficá naquela fila dali.

Quando xega as vez infim
Qui argúem vem atendê
O azá incosta ni mim
Qui fico doidio de roê
Em vê a musga no célula
Tocano pra li xamá
Aumentano o meu sofrê.

E ali o papo róla
Qui os minuto vai passano
Pra mim ele num da bola
E pros lado fica oiano
Despois qui disliga o célula
Vai no banhero mijá
Parece inté pirraçano!

Na hora qui vão armuçá
Só fica um pra atendê
Eu viro um arapuá
Qui a raiva vem corroê
Somos umilhado dotô
Intão eu pesso o sinhô
Essas lei o sinhô revê.

Inventáro lá umas senha
Mais é só pra tapiá
Lá pra dento eles embrenha
Dizeno qui vai lanxá
Pur lá fica um tempão
Inquanto meu coração
Vai aumentano seu pulsá.

Se o sinhô fô lá um dia
O sinhô vai obiservá
Os cliente impé sem aligria
Sem nium lugá de sentá
Já estamo disgostozo
Cuns disrespeitio cum os idoso
Qui nun da nem pra contá.

São pocos os funcionários
Praquê essa economia?
Faiz dos cliente otários
Entra dia e sai dia
Os lucros deles aumentano
E ferro em nós só entrano
Quem tem vez é a burguezia.

Nun tem água pra tomá
Cafezin eu nem quiria
Nem banheiro pra mijá
Eu fico é numa agunia
Ali a fila num anda
A senha num atende a demanda
Pois um cliente é quase um dia.

Por num tê a concorrênça
É qui eles faz o qui qué
Num tê quem toma providença
Já tamos perdendo a fé
De varizes inté já ficô
As pernas já ta cum dô
De ficá tempos em pé.

Quando xega a mecanom
E Ivaildes cum os diêro
Aí então não fica bom
O atendimento num é ligêro
Pra atendê esses cliente
Vai muitio tempo qui a gente
Fica só no dizispêro.

Pur favô vossas excelença
Ou a quem de direito fô
Tamo é pidino clemença
Na revindicação pro sinhô
O que fazê já nun sei
Os banco num cumpre as lei
Faça arguma coisa dotô!