sábado, 6 de março de 2010

O doido Telate


















Telate não foi o cara
Mas por aqui ele passou
Mais ou menos seus trinta anos
Só que ninguém anotou
Ninguém da bola pros doidos
Mas Telate aqui morou!

Sempre calmo de nascença
Dele ninguém teve dó
Morava na rua da casa do motor
De Jamilton a Olavo Brechó
Um dia prenderam Telate
Que foi parar no xilindró.

Dia de feira de madrugada
Telate prepara pra fugir
Fez um buraco na parede
Fingindo que estava a dormir
E num sábado de madrugada
Foi que ele deu de escapulir.

Que ferramenta abriu o buraco?
Olha só as unhas da mão!
Doido? Doido eu já lhe digo
É quem guardava a detenção
Pois quem dava em Telate
Tinha cem anos de perdão.

Os outros presos também
Aproveitando a ocasião
Perna pra que te quero
Não vou ficar também não
A Telate agradecemos
Por ter saído da prisão.

É, mais com o Soldado Soares
Telate não combinava
É que o soldado Soares
Tinha uma conversa afinada
Para prender o Telate
Bastava uma conversa fiada.

Um dia Telate outra vez
Ficou preso no chiqueiro
Achavam que Telate era louco
E deixou ali o tempo inteiro
Tomando sol e chuva
E dormindo no lameiro.

Chiqueiro pra quem não conhece
Era certo tipo de quadrado
Igual uma grande fogueira
Com troncos de paus pesados
Bem amarrados nas pontas
Onde o louco era enjaulado.

E naquele quadrado feio
Igual fogueira de São João
Telate assim falava
Para o nosso amigo Begão
-Dá esse sapatim pra mim
A resposta eu não sei se foi não.

E olhou pro conga outra vez
-Dá esse sapatim pra mim?
-Telate não da em você
Olha só o tamaizim!
-Serve sim, pois o meu pé
É quiném pé de bebezim.

Esse foi o doido Telate
Na sua vidinha simplória
Mas que foi um ser humano
Que também teve memória
É por isso que existem poetas
Pra lhes contar essas histórias.

Por Airam Ribeiro
12/03/07

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