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segunda-feira, 29 de março de 2010
A lenda da mandioca
Esta raiz maravilhosa
Que dela é tudo gostoso,
Nos conta os índios parecís
Das bandas de Mato Grosso.
Zatiame uma índia
De nome Kôkôrêtô,
O seu filho Zôcôiê
E a filha Atiôlô.
O pai amava o índio
Que era sua maravilha,
Porém nunca dirigiu a palavra
Para a índia sua filha.
Ela muito desgostosa
Por não ter esse carinho,
Queria ser enterrada viva
E para a sua mãe pediu.
Desejava ser útil aos seus
Assim falava Atiôlô,
E o seu pedido foi fazer
A mãe índia Kôkôrêtô.
Cedendo aos rogos da filha
Foi enterrada no cerrado,
Porém ali não pôde resistir
Porque o calor era danado.
Rogou que a levasse para o campo
Onde poderia sentir bem,
Mas no campo não deu certo
E tornou implorar também.
Mais uma vez pediu
A sua mãe Kôkôrêtô,
Que a enterrasse na mata
Que assim fez com muito amor.
Lá se sentiu à vontade
Que pediu a mãe que retirasse,
E que não volvesse seus olhos
Enquanto ela não gritasse.
Depois de muito tempo
Enfim, a filha gritou,
Para lá saiu correndo
A sua mãe Kôkôrêtô.
E onde enterrou a filha
Veja o que aconteceu!
Surgiu uma plantinha
Que na cova nasceu.
Um arbusto foi crescendo
Que rasteiro foi ficando,
Kôkôrêtô assim que viu
A sepultura foi limpando.
Limpou logo o solo
Que a plantinha viçosa,
Sustentada por uma raiz
Grande e maravilhosa.
Deu-se o nome de mandioca
A raiz daquela plantinha,
A filha ajudou os seus
Dando-lhes tapioca e farinha.
Airam Ribeiro
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