segunda-feira, 1 de março de 2010

Tá aí o bom pra ôbezidadi







De Airam Ribeiro








Pruquê o pobre coitado
Num vévi eça filicidade?
Num adquére eça duença
Eça ton falada obêzidade
Pruquê luta eça fartura
Com a tá niciçidade?

Que se livrá da obêzidade?
Vem trabalhiá no grotão
Sentí o gosto de terra
Soprá os cálo das mão
Sentí sôdade da carne
Bem na hora da rifeição.

Mastigá um cabilôro
E seu cardo ingulí
Com um pôco de farinha
Pra vê a fome sumí
Deitá in riba dum côro
Na hora que fô drumí.

Buscá o jegue na manga
Com o só quente na cacunda
Corrê pra destrás das moita
Sentí o ar em sua bunda
Despois buscá o barde d’água
Naquela cacimba funda.

Fugí de vaca ciumenta
E cansá de tanto corrê
Isso com o só a pino
Numa quintura de doê
Se ancê num ficá magrelo
É ruindade podes crê.

Se montá num jegue in pelo
Suas banhas vai cabá
Buscar u’a quarta de farinha
Na próxima vila que há
Despois vortá apreçado
Para o só num te quemá.

Mas pra cozinhá cabilôro
A lenha tem de buscá
Leva machado na mão
Que é pra ancê derribá
O pau véi na capoeira
Pra despois ancê lascá.

Amarra o fêxe direito
Que a muié ta esperano
Não anda bem digavá
Que o fogão ta apagano
E a tua única vaquinha
No currá já ta berrano.

Divide o leite minguado
Com o bizerro que nasceu
Ele ta berrano dimais
É que o dia já amanhiceu
Assim que tomá o café
Vai cuidar do que é teu.

Não dêxe inxada parada
Pra ela num inferrujá
Inxada foi feita pra carpí
E a mão foi pra calejá
Quero ver se a besidade
Da cacunda não vai te largá!

Despois vai no açude véi
Vê se pesca um lambari
Oia bem aquele preá
Parece que entrô ali
Corre lá que eu fico cá
Não dêxe o bixo fugí.

Pegue o chapé de páia
A cuia está aí ao redó
Pegue os grãos da fava
Vamo tacá ele no pó
Despois de estocá a terra
E tirá todos os cipó.

A noite vem pega a viola
Qui a lua já tá chamano
Toca a Cabôca Tereza
Pras tristeza ir se mandano
Óia o clarão na chapada
Cuma já tá clareano!

Galo canta na madrugada!
Acorda que é outro dia
Toma um gole de café
Ele é bom pras caloria
Piaba já tá latindo
Óia o rabo que aligria!

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