No recreio da escola
Bem em frente ao portão
Deparei com um amigo
Que me fez uma saudação
Com toda delicadeza
Ofereceu-me com fineza
Balas que estavam na mão.
Tirei o papel de uma delas
E disse muito obrigado
Chupei com muito gosto
Saboreando o melado
Dia seguinte fui atrás
E ele me ofereceu mais
Com gestos bem educados.
Aquela bala durinha
No recheio escondia
Um paladar diferente
Que a gustação não sentia
Fui ficando viciado
Que já estava acostumado
E uma mais forte queria.
O amigo do portão
Só queria me viciar
Acabaram as balas grátis
Agora tinha que comprar!
Vendeu-me uma mais forte
Que é para dar suporte
Para as barras enfrentar.
Nos goles do guaraná
Que ele me oferecia
Havia a droga líquida
Que com o gosto confundia
Tudo no início eram flores
Depois vem os dissabores
Logo que agente vicia.
Meus amigos afastaram
Nem família tenho mais
E a minha felicidade
Foi ficando para trás
Hoje sou um dependente
Sinto-me muito doente
Nada mais me satisfaz.
Iniciei com as balas
Depois fui para a maconha
Roubo para manter as drogas
Já perdi até a vergonha
A cocaína não me sustenta
Agora quem me fomenta
É outra droga medonha.
Dizia que ia para a escola
E pra outro canto desviava
Foi uma ida sem volta
Da mente desgovernada
Pra completar o ataque
Eu fui à busca do craque
As outras não valiam nada.
Para manter o vício
Assaltei para roubar
Depois ia para as bocas
Para as drogas comprar
Nesses assaltos que fiz
Eu fui muito infeliz
E alguém tive de matar.
A minha viagem sem volta
Começou em um portão
Hoje fujo da polícia
Sou um péssimo cidadão
Sou um bandido sem fé
Sei que meu destino é
Viver dentro de uma prisão.
Airam Ribeiro
E-mail airamribeiro@gmail.com
-
Nenhum comentário:
Postar um comentário