quarta-feira, 3 de março de 2010

Eu quis preguntá pra Deus as coisas qui eu nun intendia
























Eu quis priguntá Deus
Pruquê tava nua indicizão
Eu quiria ir inté Eli
Pra fazê a indagação
Di todus us meus pruquê
Eu tava querenu sabê
Pois eu nun intendia não!

Pur izempu o Mozarti
U fi da finada Miúra
Cum trêis anu fazia musga
Fazia inté partitura
Era musga diviná
Mutio boa pra iscuitiá
Era memu u’a furmuzura.

Incontu u fi de Delé
Qui era doidu pra cantá
Sua voiz era disafinada
Ninguém quiria iscuitá
Pruquê tava deferenti
Ocê criô todas eça genti
Tudus fora dus lugá!

U ômi de nomi Pelé
Qui foi o bom na bola
Já nasceu fazenu aquilu
Cem nunca aprendê na iscola
I reparei o fi di Dengosu
Na vida foi tuberculozu
I num batia bem da caxóla.

Notei qui um istudanti
Cum sete anu di idadi
Já tava senu um dotô
Fazenu ôtra facurdadi
Já o fi di dona Juvença
Era burro desdi naçença
Eu pensei! Qui cruerdadi!

Us fio di Zé Martelu
Naceru todus perfeitin
Incontu nacêru alejadu
Us fi di Tião seu vizin
Eu fiquei oianu aquilu
Cun a cabeça xêi di grilu
I pençei! Pruquê é ancim?

Isturdia observanu
Us fi di dona Gabriela
Tava tudu mutio gordim
Impanturranu na panela
Incontu paçava fômi
Us três fio de Zé Ômi
Cun sua mãe dona Bela.

I fui notanu tanta coiza
Uns rico otros pobri dimais
Uns sem caza pra morá
Otrus cum prédios nas capitais
Cada coiza qui eu lembrava
Para Deuzu eu priguntava
Pruquê das coizas diziguais?

Pruquê us fio de Antoin
Naceru tudu alejadu
Cum trinta anus na cama
Sem caminhá o coitiadu
Içu eu quiria sabê
Eu prigunto a Vosmicê
Pruquê ta tudu riviradu!

Eu gritei mutio artu
Adondi u Sinhô ta?
Pricizu falá cun u Sinhô
Vem aqui mi ispricá
Das coiza qui nun intendu não!
Vem mi da ispricação
Eu pricizu li incrontá!

Inton saiu u’a voz lá di riba
Ondi ta a Onipotênça
Mi rispondeu bem amorozu
Cem niuma cunviniênça
-Ó meu caboclo roceiro
Estou aí o tempo inteiro
Dentro da tua consciência.

Tu é que da as ordens
O que tu queres Eu obedeço
Cumpro as ordens dos meus filhos
Pois eles têm o meu apreço
Não vai haver interferência
Eu sô a tua consciência
Faço tudo sem ter preço.

Eu sou justo, sou injusto
Tua consciência é quem diz
Pois tu és o que tu faz
Ti repelí Eu jamais fiz
O livre-arbítrio eu li dei
Tu és livre Eu bem sei
Castrar sua vontade não quis.

Si o bem ou si o mal?
Isto depende do teu querer
Sou Deus, vós sois Deuses
A consciência está em você
O que plantares no roçado
Jamais será ignorado
Na hora que fores colher.

Pro seus acertos e erros
Que tu fizeres neste chão
Bom ou mal será para ti
É de acordo a plantação!
Pois a terra tu voltarás
Pra o teu erro pagar
Numa nova encarnação.

Quando você foi criado
Ti fiz simples e ignorante
Foi sabia minha decisão
Que tive naquele instante
Nas idas e nos regressos
É que terás o progresso
Nas somas do teu montante.

Não foi nenhum privilégio
O Betovem saber tocar
Foi ele que conquistou
Durante o seu caminhar
Quanto mais fazer o bem
Mais vantagem você tem
De o progresso aumentar.

Se eu fosse ajudar o Mozart
Eu não seria o teu Deus
Estaria sendo injusto
Com os outros filhos meus
Cada um o livre-arbítrio tem
Pra fazer o que lhe convém
Para os progressos seus.

Não fiz milagres pra ninguém
O mérito cada um tem
Você construirá seus méritos
Si praticares só o bem
Está só no seu querer
O que você vai fazer
Só a você convém.

O teu céu e teu inferno
Você é que vais construir
Eu não criei coisas ruins
Para ao meu filho Eu punir
As minhas ovelhas terão
As chances que precisarão!
Nenhuma delas vai sumir.

Deixei aí para vocês
A lei de causa e efeito
O que plantares vais colher
É assim que devi ser feito
Mas a semente que vais plantar
É você quem escolherá
Porque tens todo o direito.

Airam Ribeiro

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