-
quarta-feira, 3 de março de 2010
Mataram as Árvores da Praça Castro Alves
Airam Ribeiro
Na Praça Castro Alves
Bem em frente à prefeitura
Eu via árvores frondosas
Uma imagem de formosura!
No meio ainda o barbudo.
Porque derrubaram tudo?
Porque não teve censura?
Cortaram todas as árvores
Acabou com a cantoria
Das cigarras todas as tardes
Estourando de alegria
Tocaram cimento no chão
Até fizeram um buracão.
Mas ali, quem sentaria?
Pois o sol a esquentar
Nestes dias de verão
Sem as sombras das árvores
O que vai ser então?
Na praça nenhum vivente
Pois o sol é muito quente
Nesta presente estação.
Quem vai anunciar a chuva
Das águas que estar por vir
Decretaram-se este ato
De agente não mais ouvir
Acabou-se com o encanto
Das cigarras com seu canto
Que entoavam bem ali.
Quanto aos moradores da praça
Que faziam suas algazarras,
Pedindo urgentemente
As mortes das cigarras!
Deve agora estar a sorrir
Por não ter mais que ouvir.
E os que fazem as farras?
E os barulhos dos farristas
Que no bar estão a beber?
E o som da rua bem alto
Quem vai ele conter?
Fez calar por covardia
As cigarras naquele dia
Sem ninguém a socorrer.
E as árvores coitadas!
Porque tanta covardia
Só dava sombras e flores
Era só o que fazia!
Eu lembro a criançada
A brincar toda animada
Esbanjando de alegria.
Hoje, não existem árvores
Cortaram sem anestesia
Suas folhas não mais existem
Seus troncos ainda alumiam
Nas brasas do carvoeiro
Porque um grande oleiro
Levou para sua olaria.
Reparem quando passarem
Lembrem-se da beleza,
Das cigarras, e dos pássaros
Que encantava a natureza,
Natureza que na praça
Agora não tem mais graça.
Por causa de uma fraqueza.
Aos moradores da praça
Quando olharem das janelas,
Um dia vai sentir a falta
Daquelas flores amarelas.
Sem preocupar com o verão
Cortaram as raízes no chão
Daquelas árvores belas.
Não há mais sombras das árvores
Agora a praça é só cimento.
Não poderão mais reclamar
Pelo grande aquecimento
Queriam sem árvores viver?
Então agora vão conviver
Com a quentura do momento.
Aconteceu o desrespeito
Ao nosso meio ambiente
A praça ficou pelada
Pra alegria de muita gente
Aos poucos matam o planeta
O homem com sua tineta
Este ser incompetente.
Ao som fúnebre do moto serra
A seiva do talho desce ao chão
Estava a árvore a chorar
Pedindo socorro em vão
Caem folhas, galhos e ninhos.
Bate asas o último passarinho
Por causa da destruição.
Debaixo de suas copas
Sentavam aposentados
Lendo revista ou jornal
Num dia ensolarado
Não sabendo da estupidez
Que homens sem sensatez
Já tinha na mente traçado.
Dentro de um gabinete
Decretaram a destruição
Agredindo o meio ambiente
Aumentando a poluição
Desarrancharam os ninhos
Onde nasciam passarinhos
Depois da acasalação.
E o poeta lá em cima
Em sua contemplação
Que deu nome à praça
O que vai dizer então?
Se em seu navio negreiro
Ele defendeu ligeiro
Falando da escravidão!
Escravo de um domínio
Onde a árvore não tem direito
Quando se compra o Ibama
Quando tudo não tem jeito.
O que fizeram os vereadores
Cadê esses defensores
O que fez nosso prefeito?
“Éramos somente árvores,
Discretas, mas imponentes
E víamos pelas vidraças
A vida de muita gente
Mas nunca contamos nada
Daquilo que à gente via
Porque a nossa função
Era dar sombra e alegria.”
Pra lembrar aqueles tempos
Belos tempos de alegria
É que o poeta Airam Ribeiro
Teve a idéia naquele dia
De guardar muitas imagens
Da praça com suas folhagens
Dentro de uma fotografia.
e-mail airamribeiro@gmail.com
WWW.usinadeletras.com.br
www.recantodasletras.com.br
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário